CONSULTÓRIO
Como começo a correr?
Como começo a correr?
– Pelo princípio.
Que aplicações devo descarregar para o telemóvel?
– Uma que diga cala-te e corre.
Vi uns ténis/sapatilhas de € 200,00, são bons para iniciar?
– Avisa-me quando bateres o recorde do mundo da maratona.
Aconselha-me uns ténis/sapatilhas de trail para agarrar a areia?
– Usa as mãos…ou uma pá.
Comecei a correr este mês, posso treinar cinco vezes por semana?
– Sim, vai dar jeito para subires as escadas do hospital.
Devo correr de manhã ou de tarde?
– A manhã em Portugal é a tarde noutra parte do mundo, por isso escolhe tu.
Hoje não corri porque está frio.
Hoje está muito calor para correr.
– Sem stress, vais ter muitas oportunidades durante o ano para correr a 6,2º ou a 9,9º (a temperatura ideal de corrida para homens e mulheres segundo um estudo realizado em seis das mais importantes maratonas do mundo)
O que comes antes de correr?
– Tento evitar o cozido à portuguesa ou umas favas com chouriço.
Como se coloca a fita na cabeça?
– Pergunta ao Ramb0.
Consegues correr à chuva?
– Sim, com sorte ainda dou umas braçadas.
Tenho medo de me perder
– Não te preocupes, isso só me aconteceu em 90% dos trilhos onde corri.
Qual a marca que usas?
– A mais conhecida: “em promoção”

DICAS DO JORGE
Na redação do Gajo, mais conhecida pelo cubículo onde me escondo atrás de um monitor, evitando assim ter de correr com este frio, recebi um desafio do nosso querido (mas que não muda a casa) leitor e amigo Jorge Escada (Coach especialista em Eneagrama – www.jorgeescada.com/ebook )
E como não sou egoísta, partilho aqui a provocação, digo, o desafio (até parece que preciso assim tanto de melhorar…pufff!):
Qualquer um de nós, seja um atleta de eleição ou alguém que se limite a arrastar os pés durante exasperantes minutos, pode identificar-se com várias das 9 dicas que se seguirão, mas, na sua essência, só uma toca o alvo, ou seja, só uma será eficaz para a melhoria dos resultados desportivos (ainda não verifiquei se também se pode adaptar à modalidade do “levantamento de copo”, mas lá chegarei).
Cada uma das dicas enquadra-se num dos tipos de personalidade existentes e o que aqui se pretende é potenciar o nosso desempenho e identificar os “gatilhos mentais” que o limitam (e não, os gatilhos mentais não dizem respeito ao “Reservoir Dogs”).
Sempre fui cético com este tipo de ajuda, no entanto, e porque “nenhum homem é uma ilha” (John Donne) – fui pesquisar para que mais ninguém perca o seu precioso tempo –, aceitei o que me foi proposto e acabei por perceber que o meu comportamento encaixava que nem ginjas na dica 3.
Eh Pá! E não é que me tenho sentido mais descontraído durante as corridas? (e “acradito” que nem tudo se explica com o número de jolas ingeridas).
Ora, “portantos”, cá vai:

Dica 1:
Aceita que és humano e tens falhas. Relaxa a mente, deixa as pernas fazer o seu trabalho e desfruta. A tua crítica interna tira-te segundos, km e, principalmente, tira-te o prazer que é suposto teres enquanto corres.
Sorri quando tropeças ou te espalhas ao comprido.
Não te leves tão a sério.
Dica 2:
Reconhece o teu valor diariamente e aceita que o tempo que estás a dar à corrida não é egoísmo, é parte integrante de ti.
Valoriza os teus progressos à medida que eles acontecem e o quanto já melhoraste.
Dica 3:
Aceita que é preciso tempo para a tua performance melhorar e que a única e real competição que tens não é contra ninguém: é contra ti mesmo, perseguindo a tua melhor versão.
Aceita que nenhum atleta conseguirá ter sucesso em todos os treinos e provas.
Descobre-te enquanto vais percebendo qual a real conquista que está para além das metas, para além do óbvio.
Dica 4:
Não te consumas ao querer que cada treino ou cada prova sejam especiais. Descontrai, aproveita e esvazia a mente para sentires efetivamente os efeitos da corrida.
As tuas emoções ficam lá fora e não interferem no teu treino/prova.
Não procures fazer diferente só porque sim. Keep it simple. Poupa-te!
Não leves a peito quando os teus parceiros de treino não corresponderem à relação de proximidade que crias de forma automática. Não é nada pessoal, eles simplesmente são assim.
Dica 5:
Conhece a corrida por ti. Copiar a forma como alguém chegou a uma elevada performance só funcionaria se fossem completamente iguais.
Descobre-te ao longo do teu caminho enquanto atleta e enquanto Ser Humano. Porque sabes bem que há uma parte de ti que só se manifesta quando corres.
Mete menos foco na “sabedoria” sobre a corrida. Menos teoria, muito mais prática. Vais ver que flui muito melhor.
Quando treinas acompanhado e sentes que algo não está bem durante um treino, fala logo, evitando assim que aquele seja um suplício.
Dica 6:
Não faças hiper-análises sobre os teus tempos ou sobre as distâncias percorridas. Isso pode levar a que te subvalorizes.
Gasta a energia na corrida e não na previsão de cenários.
Congratula-te. Isso esvazia tanto, mas tanto os teus excessos de personalidade.
Dica 7:
Essa gula é tramada. Gula de mais distâncias, melhores tempos, mais provas e desafios.
Faz uma revisão dos teus projetos e elimina opções. Isso dá-te mais energia e foco para o que realmente importa.
Reflete sobre “do que é que eu estou a fugir?” quando preenches a tua mente com uma enxurrada de metas. Aí sim, há crescimento.
Aceita que a frustração faz parte do processo e é uma oportunidade para evoluir.
Dica 8:
Derrubas obstáculos com a tua determinação. Cada fronteira é uma prova de força a ser superada.
Equilíbrio: não exijas tanto dos outros como de ti. Eles têm o seu próprio ritmo, e quereres mudar isso só te vai desgastar.
Reduz as tuas expetativas sobre os outros, observa os teus excessos e lembra-te de que, se calhar, o Mundo não se divide entre fracos e fortes.
Dica 9:
Se definires metas de uma forma mais regular, o caminho fica muito mais nítido.
E inclui a tua vontade nelas. Diz não muitas mais vezes. Não vás treinar ou fazer provas porque alguém te pede, quando isso bate de frente com a tua vontade ou com a tua agenda.