"1984": COMO CONTROLAS A TUA CORRIDA?

Na linha da literatura distópica apresentada na crónica anterior, é outra obra de George Orwell que me inspira hoje a refletir sobre história e corrida (como tenho vindo a tentar fazer). Uma das citações mais célebres é esta é o slogan do Partido – “Quem controla o passado controla o futuro: quem controla o presente controla o passado.” Winston Smith, protagonista da obra de Orwell, repete-o obedientemente, o que é sintomático da opressão e da subjugação a que esta e outras personagens estão condenadas. A novafala e a Polícia do Pensamento são ferramentas que controlam a liberdade de expressão e de pensamento na Oceânia, impedindo, assim, a construção da democracia. Incialmente rebelde, Winston Smith acaba por ser “quebrado” pelo poder opressivo do Big Brother. Será, no entanto, possível encontrar alguma esperança neste fim? Ou estará ele, e estaremos nós, sujeitos à força opressiva? A visão distópica orwelliana levou-me a refletir sobre o controlo físico e psicológico que coartam a liberdade. Não vivemos num regime ditatorial (25 de abril, sempre!), mas há uma forte pressão social em várias áreas, o que faz com que o desporto, neste caso a corrida, seja um bálsamo. Para mim, é. Ou melhor, começa a ser MESMO. Porque só há relativamente pouco tempo percebi que, embora correndo há alguns anos, sempre o fiz com a pressão do tempo, com a pressão de me superar e nunca com a satisfação de chegar ao fim para… beber a tão desejada cerveja! Sim, @ogajoquenaogostadecorrer tem sido um guru para mim (introduzir música zen agora). Já há tantos constrangimentos no nosso quotidiano. Para quê criar mais um? Corro agora sem metas estabelecidas? Não. Mas corro com prazer, conciliando os objetivos traçados com a felicidade de treinar em sítios maravilhosos e de ir descobrindo outros pelo caminho. Como este, este mural que emoldura na perfeição “1984”. George Orwell, 1984. Porto Editora. 2021