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A CRÓNICA DA MARATONA DE SEVILHA
“A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos...” - Álvaro de Campos
Talvez por ser Carnaval tenha pensado que o meu corpo não levaria a mal esta loucura inconsciente de correr 42,195 km com, somente, um mês e meio de treinos.
Como sobre a “preparação” e o estado físico em que me encontrava escrevi anteriormente, avanço já para a Maratona de Sevilha, que o caminho é longo.
Da Prorunners Magazine alinhámos 3 à partida, sendo que o João teve direito a um bloco mais avançado (mordomias de diretor). Fui com o Judas, que tínhamos muita conversa para colocar em dia, e durante os primeiros 25 km, além de um incómodo num calo do pé direito, a prova foi feita acima do previsto. Nessa altura, as senhoras dores fizeram a sua teatral aparição, comecei a sentir a sola do pé como que queimada e só aguentei mais 3 km naquele ritmo. Abrandei consideravelmente, até que, numa via com um pouco de declive, quase deixei de sentir o pé. Andei um pouco, apreciei os gritos que o incrível público dedicava a todos os que aparentavam dificuldades e voltei a correr com uma máscara de dor superior à que tenho quando vejo a conta do supermercado.
Ao km 35, decidi ir ter com os médicos, olhei para eles e voltei à prova. Cerca de 1,5 km depois, vi uma ambulância do outro lado da estrada e encaminhei-me para ela, sem perceber que os veículos se encontravam a circular nessa faixa.
Os enfermeiros olharam para o pé, abanaram a cabeça e soltaram: “coño, que não devias correr assim!”. Perguntei se dava para continuar e a resposta foi: “já falta tão pouco…”
E lá me arrastei até ao final, maldizendo cada reta e a suspirar por uma caña fresquinha.
A segunda maratona estava feita e a maior conquista foi perceber que há um ano teria desistido!
Como o carnaval são 3 dias e a vida dois, é altura de festejar!




